domingo, 4 de outubro de 2009

Porque..

Porque viver é começar o dia com um beijo e acabá-lo com um sorriso..
é dar a mão também a quem está bem, para ficar ainda melhor..
é sorrir num dia chuvoso, sabendo que assim podemos ajudar os outros a fazê-lo...
é surpreender os que amamos, sabendo que a melhor surpresa é estar-mos ali..
é olhar nos olhos a toda a gente, para lhes mostrar-mos a alma..
é agradecer por cada segundo em que estamos juntos, e por cada minuto só para nós..
é sorrir quando não temos algo, por que assim podemos desejá-lo..
é viver cada sonho e sonhar cada momento vivido..
Porque viver é podermos errar e pedir desculpa..
é fazer algo bom e ser recompensados..
é saber que sentiremos falta do mais monótono e que eventualmente nos aborreceremos do mais divertido..
é comer chocolate, carne, peixe, salada e sentirmos-nos bem connosco ao fim do dia..
é fazer uma dieta e sentir o orgulho de obter os resultados..
é passar por todas estas contradições e sentir algo, bom ou mau..
Por que viver é isso, sentir: desde o mais pequeno do desejo à maior adrenalina...
Vivam, sempre!!



domingo, 5 de julho de 2009

MAMÃ

Abraças-me como se fosse a última vez, não me queres deixar partir, para ti é muito difícil pensar que eu cresci, agora não quero colo, as minhas palavras já não são únicas, as primeiras, agora são iguais.
Temos momentos de cumplicidade, momentos de fúria intensa, para quando esses chegam ao fim, acabarmos abraçadas a dizer ''desculpa'' (sim, porque tu também o dizes), abraçadas como se nada mais importasse, como se cada segundo fosse único e irrepetível.
A maior parte do tempo passamos a rir, rimos muito e livremente, e cada riso damo-lo com satisfação.
Quando choramos também não é em vão, mas esse costuma ser o meu papel. Tu não gostas que eu te veja assim, e eu também não. Custa muito ver-te assim. Tu és o meu ídolo, és o meu pilar, e os ídolos não choram, os pilares não sofrem..
Mas os momentos que passamos melhor são aqueles em que ninguém fala, niguém pensa, simplesmente estamos ali, abraçadas, como se fosse a última vez.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

É tão simples...

Por vezes pregunto-me, qual será a melhor forma de esconder a alma? De me fazer passar por desapercebida? De não contagiar as outras pessoas quando me sinto triste, quando já nada tem significado para mim? Que poção mágica ou feitiço seria necessário para isso? Tentei escondê-lo, fazendo-me passar por algo que não sou e saí magoada. Não consigo. Eu sou eu, eu tenho estas sensações por alguma razão, e tentar transformá-las só me faz sentir pior, mais em baixo. Nada poderá resolvê-lo.
Durante anos lí livros, fiz experiências e fórmulas para tentar descobrir o efeito ao qual eu chamo ''efeito camaleão", que nos permitirá transformar os nossos sentimentos em acessórios, que nós poderemos optar por utilizar ou não.
Desperdicei a minha vida, e não realizei os meus sonhos por isso. Agora, tenho algo a dizer a todos os que leiam isto e sintam o que eu sinto, uma culpa e um desconforto imenso por mostrar e transmitir o meu mal estar a outras pessoas. A todos esses:
''A melhor forma é: sentir o que sentirmos, achar o que acharmos, mas SEMPRE lembrarmo-nos de usar óculos escuros.''
Simples, certo?

Texto

Vives preocupada, num mundo de insegurança falsa, porque no fundo és segura de tudo o que conheces. O teu problema é o teu medo, não de acabar sozinha mas de não corresponder ao que as pessoas esperam de ti, de as afastar ou de as desapontar.
Choras; de alegria, tristeza, cansaço e conforto. Dito assim pareces louca, a chorar por tudo e por nada, mas és sensível, e as tuas lágrimas só derramam por quem merece, se bem que a tua noção de que toda a gente tem algo de bom já fez cair lágrimas por pessoas que nem merecem o olhar desses teus olhos pensativos, que não merecem um lugar na tua preocupação constante.
Rís; de tí mesma, sabes lida com comentários cómicos e responder à altura; dos outros, por vezes inopurtunadamente, mas contagias aos que te rodeiam; do nada, os teus risos têm a qualidade de ser incompreensíveis.
És; tu, sempre, não mudas para agradar os outros, aí fazes sacrifícios, és sempre tú, és sempre única, és sempre... ___________

domingo, 31 de maio de 2009

Buda outrora disse:

«[...]o sofrimento provém do desejo, [...]se conseguirmos suprimir o desejo das coisas, teremos conseguido eliminar a dor que produz a sua privação[...].»


A primeira coisa que me veio à cabeça quando li isto, foi que é uma grande verdade, e uma grande mentira.

Sim, é verdade que o desejo de ter algo (material ou não) é, na maior parte das vezes, a causa do sentimento que nos provoca a perda disso, ou simplesmente o facto de não o termos. Sem o desejo por algo, não sofremos pela falta desse elemento; sem o desejo por nada, estamos em tal estado "zen" que tudo nos é insignificante, nada nos causa sentimento. Podemos dizer que sem o desejo, viveríamos em "utopia", um mundo perfeito, sem crimes e pecados, por que na realidade, todos são consequência dum desejo louco. Visto desse modo, o desejo é um defeito que vive em toda a gente.
Mas, sem o desejo por nada, como é que sentiríamos a alegria de conseguir algo? O que é que nos daria a força para continuarmos nos momentos difíceis? O desejo é a base para tudo o que conseguirmos, é o incentivo que tiveram todas as civilizações, os egípcios construíram as pirâmides pelo desejo de magnificência e superioridade, desde que os seres humanos raciocinaram, inventaram os deuses pelo desejo de protecção, e de não viver na ignorância. O desejo é a chave para a vida. É uma qualidade imprescindível para a vida de tudo e todos.

domingo, 17 de maio de 2009

O DEBATE

Eles discutem,

As palavras correm pelo ar,

Chocam,

Tentam subir

E conseguir a atenção

De um ouvinte.

Palavras seguras,

Opiniões diversas,

Conversas cruzadas.

Eles falam alto,

Com um sorriso meio sarcástico,

Procuram ser os ouvidos

E não os ouvintes.

Gaguejam,

Sobem o tom,

As palavras chocam,

O ouvinte torna-se

No ouvido.

Há sempre um,

Com mais poder,

Mais seguros

Que se mantêm contra,

Talvez para sobressair.

Elas conversam,

Sempre concordantes,

A vida,

Os horários,

Os problemas,

As novidades.

No ar,

As palavras não estão cansadas,

Fortes nem divergentes,

Senão equiparadas.

Ajudam-se,

Desabafam.

Conversas cruzadas,

Palavras no ar,

Ouvintes e ouvidos.

Sou consciente.

Sou consciente. Sou consciente de que pouco me lembro, de todos os meus anos de vida. Falam-me que fiz coisas maravilhosas que mudaram vidas. Dizem-me que fui jovem, belo, que todos me olhavam com orgulho e que viam em mim juventude e frescura. Mas os anos levaram-ma toda e deixaram-me com as minhas rugas. Já não olham para mim com orgulho, mas com pena. Já não sou fresco, como o verão, agora sou branco e frágil, como o inverno.

Contam-me que amei profundamente. Que ela era a minha vida e a minha paixão. Por minha tristeza, não me lembro. Será que não a amei o suficiente? Dizem que o amor verdadeiro nunca se esquece. Mostram-me fotografias em que sorria, abraçava e sentia. Não me vejo nelas. Por vezes esqueço-me de quem sou. Não me conheço muito bem. E quem me conhece, fala-me sobre uma pessoa que me é estranha. Tento encaixar-me no meio da sociedade, mas as pessoas vêem-me como um ponto, e pior, fazem-me sentir como um ponto ou uma mancha.

Gostava de amar, de sorrir e conversar. De ter planos, amigos e recordações. Sou uma certeza, de que vou ser assim até ao resto da minha vida. Entristece-me saber que para mim, eu nasci há pouco tempo, não tive uma infância ou adolescência, e que não terei. Sou uma dúvida. Será que amanhã, toda a minha vida me voltará à cabeça? Será que aquele belo jovem das fotografias tornar-se-á em mim? Sou realista. Acredito que todos nascem, já nasci, é das poucas memórias, ou melhor, dos poucos episódio que eu me lembro.

Brinquei num parque com areia e pedras.

Todos crescem, no meu dedo vejo uma marca circular em branco, e sei que lá esteve uma aliança. E todos morrem, disso não me lembro, sei que não aconteceu. Não temo por isso, pelo contrário, vai dar-me uma oportunidade de renascer, e viver, e lembrar.

Tenho pessoas que se preocupam comigo, que me olham com amor e carinho. Mas eu não as conheço. Para mim, elas são como qualquer outra pela que eu passe na rua. Choram, de alegria por me verem, pai e marido, e de tristeza por eu as ver, com indiferença. Trazem-me grandes discos de vinil, dizem que eram as minhas músicas preferidas, e que querem que eu me sinta em casa. Mas eu sei que o fazem para me tentar lembrar. Dá-me pena. Gostava de olhar para elas e sentir uma grande alegria, abraçá-las, beijá-las. Mas não consigo.

Batem à porta. É o filho. Diz que é meu filho, mas eu sei que não. Não é o meu filho, mas o do homem das fotografias. Abraça-me, beija-me, chora. Eu olho para ele, espero que ele se vá, que me deixe sozinho, que não me faça sentir mal por esquecer. O telefone toca. É a nora. Pergunta por mim, se eu tomo os medicamentos, deseja-me as melhoras, desliga. Ele muito fala, conta-me a história da minha vida. As minhas casas, a minha família. Vai-se embora.

Pelas portas ouço gritos de agonia, gritos de tristeza e raiva. É a mulher. Traz-me flores, e bolos, e roupa. Ama-me mais do que tudo no mundo. Conversa comigo, ao meu lado. Não gosto de a ver, por que ela sai sempre desiludida ao ver a minha indiferença, o meu interesse nulo. Diz-me que eu lhe cantava e que dançávamos, mas é--me igual.

Vão-se embora, estou finalmente a sós. Sento-me na cadeira. Fico a dormir, à espera de não acordar em mim, mas num novo eu.